Gears of War 3: A Guerra está longe de terminar.
Gears of War não é uma franquia como as outras. Ela nasceu em um momento em que o Xbox 360 precisava de uma referência até que Halo 3 ficasse pronto. O acordo entre a Epic Games e a Microsoft era lançar um game totalmente novo que mostrasse o poder gráfico do console. O resultado foi um dos primeiros grandes jogos a utilizar o motor gráfico Unreal 3 e impressionar o mundo com visuais estonteantes e uma inédita jogabilidade baseada em tiroteios em coberturas.
Cinco anos depois, Gears of War 3 chega com uma difícil missão: superar o incrível episódio original e consertar todas os erros cometidos em Gears of War 2, que sofreu com as más escolhas da Epic nas modalidades multijogador. O desafio é grande, mas não maior que o talento do produtor Cliff Bleszinski e sua equipe.
A história de Gears of War 3 continua alguns meses após a humanidade ter sacrificado sua última grande cidade, Jacinto, para impedir a invasão dos Locusts. Mas a guerra estava longe de terminar, já que uma nova forma de alienígena começou a tomar conta dos inimigos – que também não desistiriam até o último soldado ser derrotado. Os humanos se refugiaram em ilhas ou grandes navios, e a esperança de sobrevivência se apoia apenas em pequenos e remotos planos.
Além de ter um enredo muito mais dramático que os jogos anteriores, Gears of War 3 é o primeiro a explicar o passado dos personagens. Ele dá notícias sobre o envolvimento do pai do protagonista Marcus Fênix na trama, além de explicar como Cole, Baird e os demais entraram para o COG. É muito legal saber, por exemplo, que Cole era um famoso esportista e que Anya – a estreante – conhecia Marcus antes mesmo dos acontecimentos do primeiro Gears of War.
O ritmo da campanha é intenso, com uma boa variedade de objetivos. Apesar de Gears of War 3 ter jogabilidade muito parecida com seus antecessores, o “atire, procure cobertura, atire, corra” está mais gratificante do que nunca já que a Epic soube intercalar os momentos de história e os de tiroteios intensos com maestria.
Modalidades Online Jogar o primeiro Gears of War online era uma experiência incrível. Sua sequência, no entanto, foi frustrante nesse quesito. Os demasiados bugs, problemas de balanceamento e de conexão fizeram muitos jogadores voltarem para o Gears original ou simplesmente abandonar a série.
No entanto, a equipe da Epic Games trabalhou exatamente nos pontos de maior reclamação dos jogadores, tornando o terceiro episódio da franquia um primor em todas as modalidades online. A jogabilidade está perfeita, com equilíbrio nas armas e mapas incrivelmente divertidos.
Seguindo o exemplo de Halo e Call of Duty, Gears of War 3 também adotou um sistema de progressão online baseado em conquistas realizadas nas partidas. Tudo que você faz é revertido em pontos para o seu perfil, que vai ganhando níveis e habilitando novas opções de personalização. Um incentivo mais do que bem-vindo para continuarmos jogando Gears of War por horas.
Muito além do deathmatch
Além dos clássicos modos multijogador competitivo (com equipes de cinco jogadores), existe também a volta do Horda – debutante em Gears of War 2 e tido como a salvação do game. Em Gears 3, o Horda funciona como um jogo de defesa de torre, onde a equipe com até cinco jogadores precisa resistir a ondas de ataques de inimigos controlados pelo computador. A cada nova onda, a dificuldade aumenta e novos desafios são apresentados – como aumento de dano causado ou maior resistência dos adversários. A grande novidade é que nas ondas 10, 20, 30, 40 e 50 os inimigos são acompanhados de chefes, como o enorme Brumack. Para ajudar, armadilhas são disponibilizadas para compra por meio do dinheiro virtual ganho nas partidas.
Seguindo o mesmo conceito do Horda, existe o modo Besta. Nele, você controla as ondas de Locusts e precisa derrotar, no menor tempo possível, 12 ondas de defesa dos humanos. O objetivo é destruir as armadilhas e os heróis controlando desde as baratinhas explosivas Tickers até os violentos Boomers. Mesmo simples, o modo Besta diverte por permitir controlar várias das criaturas inimigas pela primeira vez.
A campanha de Gears of War 3 também pode ser jogada online com até quatro jogadores. O recurso funciona muito bem e, ao contrário do que temíamos, o design não fica comprometido por sempre precisar ter quatro personagens juntos.
O melhor de todos
A campanha dura cerca de 10 horas, o tempo médio dos jogos do gênero. Só que existe tanta coisa para habilitar – como novos personagens para as modalidades online e skins para as armas – que dificilmente você ficará preso apenas ao modo história.
A boa notícia é que Gears of War 3 possui legendas e menus traduzidos para português, o que ajuda muito os jogadores a compreender o enredo do desfecho da trilogia de Marcus Fênix. Uma pena que em alguns casos a tradução ficou ao pé da letra, como quando um jogador abandona a partida e aparece “Esquerda” ao lado do nome, tradução equivocada de “left”. Mas são pequenas exceções que não compromete a experiência do game.
Com uma campanha emocionante, modalidades online diversas e erros corrigidos, Gears of War 3 é tudo aquilo que gostaríamos que fosse. Ele está mais divertido do que nunca, e a satisfação de explodir um adversário com uma shotgun ou serrar um Locust ao meio é indiscritível e quase nostalgica. O sistema de progressão tornou as modalidades online incrivelmente viciantes e a melhora do design dos menus e opções fecham o ótimo trabalho realizado pela Epic Games.
Esse é, sem sombra de dúvidas, o melhor Gears of War (isso até chegar o próximo) de todos e um importante marco para o mercado nacional. Liguem suas Lancers, o primeiro grande rei da Xbox Live voltou para retomar seu trono.